Fonte: Fonte: https://commons.wikimedia.org/wiki/RMS_Titanic#/media/File:Titanic.jpg
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- Última atualização: 4 de Março, 2024
Os fluxos migratórios nacionais e internacionais
A mobilidade da população refere-se à deslocação humana entre áreas geográficas (cidades, países, regiões, continentes). Desde sempre que o Homem se movimenta no espaço procurando condições favoráveis à sua sobrevivência. Se inicialmente esta busca dependia, principalmente, de fatores naturais, atualmente as deslocações de população são essencialmente motivadas pelas desigualdades socioeconómicas entre as regiões de partida e as regiões de chegada.
Na atualidade, cada vez mais pessoas vivem num país diferente daquele em que nasceram, mas também cada vez mais pessoas mudam de localidade no seu país, quer seja por razões turísticas, de estudo, de negócios ou mesmo para trabalhar, como, por exemplo, a deslocação diária entre a residência e o local de trabalho.
A Organização das Nações Unidas (ONU), estimou que em 2020 existiam cerca de 281 milhões de migrantes internacionais o que equivalia a 3,6% da população mundial deslocada do seu país de origem, continuando desta forma a tendência de aumento verificada nas últimas cinco décadas. O total estimado de pessoas a viver num país diferente do seu país de nascimento em 2020 era superior em 128 milhões comparativamente a 1990 e mais de três vezes o número estimado em 1970 (Figura 1).
Figura 1: Distribuição mundial do número total de migrantes internacionais, em 2020.
O número de migrantes internacionais aumentou em todas as regiões da ONU, mas este foi superior na Europa e na Ásia, com aproximadamente 87 e 86 milhões de migrantes respetivamente, correspondendo a cerca de 61% dos migrantes internacionais. Quando comparado com o total de população de cada região, este número foi superior na Oceânia e na América do Norte (22% e 16% de migrantes internacionais). No entanto, a Ásia registou o crescimento mais notável entre 2000 e 2020, com 74% (cerca de 37 milhões de pessoas). A Europa registou o segundo maior crescimento durante este período, com um aumento de 30 milhões de migrantes internacionais (Figura 2).
Migrantes internacionais por regiões da ONU 1990-2020
Region, development group, country or area | 1990 | 1995 | 2000 | 2005 | 2010 | 2015 | 2020 |
---|---|---|---|---|---|---|---|
WORLD | 152 986 157 | 161 289 976 | 173 230 585 | 191 446 828 | 220 983 187 | 247 958 644 | 280 598 105 |
OCEANIA | 4 731 938 | 5 022 527 | 5 361 681 | 6 024 021 | 7 128 598 | 8 072 276 | 9 380 653 |
LATIN AMERICA AND THE CARIBBEAN | 7 135 971 | 6 661 553 | 6 539 738 | 7 184 113 | 8 326 588 | 9 441 503 | 14 794 623 |
AFRICA | 15 689 666 | 16 357 077 | 15 051 677 | 16 040 087 | 17 806 677 | 22 860 792 | 25 389 464 |
NORTHERN AMERICA | 27 610 408 | 33 340 948 | 40 351 710 | 45 363 089 | 50 970 524 | 55 633 741 | 58 708 795 |
ASIA | 48 209 949 | 46 418 044 | 49 066 986 | 53 249 787 | 66 123 640 | 77 191 249 | 85 618 502 |
EUROPE | 49 608 225 | 53 489 827 | 56 858 793 | 63 585 731 | 70 627 160 | 74 759 083 | 86 706 068 |
Figura 2: Número de migrantes internacionais por regiões das Nações Unidas, entre 1990 e 2020.
As características demográficas da As migrações adotam diferentes classificações de acordo com os espaços que envolvem, a duração dos movimentos, a vontade dos migrantes e a sua relação com a lei (Figura 3):
Figura 3: Tipos de migrações.
Quando ao espaço:
– Externas ou internacionais:
As pessoas deslocam-se para fora do país de origem, apresentando duas formas: a emigração[Conceito] Corresponde ao movimento de saída de pessoas para residência fora do país. e a imigração[Conceito] Corresponde ao movimento de entrada de pessoas provenientes de outros países com o objetivo de residir dentro do país.. Se este movimento se efetuar entre países/regiões dentro do mesmo continente estamos perante uma migração intracontinental (intra = dentro); se o movimento se efetuar entre países/regiões de continentes diferentes estamos perante uma migração intercontinental (inter = entre) (Figura 4):
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Figura 4: Exemplos de migrações intracontinenteias e intercontinentais.
– Internas ou nacionais:
As pessoas deslocam-se de uma região para outra mas dentro do mesmo país. Neste tipo de migrações são muito distintas as situações dos Países Desenvolvidos (PD) e dos Países Em Desenvolvimento (PED). Nos PD, após uma primeira fase em que se assistiu à fuga de pessoas do campo para a cidade, assiste-se, atualmente, a uma crescente corrente de pessoas que fogem da cidade para o campo – êxodo urbano[Conceito] Corresponde ao movimento migratório em que a população sai de uma área urbana dirigindo-se para uma área rural.. Estes movimentos são motivados pelo desenvolvimento dos transportes pois, por exemplo, permitem que as pessoas vivam no campo e continuem a trabalhar na cidade, pelo menor custo das habitações, pelo estilo de vida mais tranquilo no campo ou pelas melhores condições ambientais.
Nos PED assiste-se à fuga das pessoas do campo para a cidade – êxodo rural[Conceito] Corresponde ao movimento migratório em que a população sai de uma área rural dirigindo-se para uma área urbana. (Figura 5). Estes movimentos são motivados pelas diferenças salariais (geralmente os salários são superiores nas cidades), pelo excesso de mão de obra existente no campo (fruto do crescimento populacional) ou pelas melhores oportunidades sociais ou culturais existentes nas cidades.
Aos movimentos que são efetuados diariamente entre a residência/habitação e o local de trabalho/estudo, e vice-versa, dá-se o nome de movimentos pendulares[Conceito] Corresponde ao movimento diário que as pessoas efetuam, normalmente casa-trabalho e trabalho-casa. (Figura 6).
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Figura 5: Abandono nas áreas rurais em detrimento das áreas urbanas.
Ⓒ Metropolitano de Lisboa
Figura 6: Ida diária e regresso de alunos para a escola.
Quando à duração:
– Definitivas ou permanentes:
As pessoas deslocam-se para outro local durante um período de tempo superior a um ano (ou mesmo para sempre), com o objetivo de aí formar residência (Figura 7). As razões podem ser muito variadas, mas, regra geral, são motivadas por questões laborais ou escolares ou ainda pelas guerras e as más condições de vida em geral.
– Temporárias:
As pessoas permanecem na área de destino um curto período de tempo, inferior a um ano, tendo a intenção de regressar ao seu local de origem. As migrações temporárias podem ainda ser consideradas migrações sazonais, ou seja, próprias de uma estação do ano, quando estas se realizam em épocas específicas do ano (nomeadamente quando uma família se deslocam para áreas balneares/praias para aí passarem férias (motivação turística); ou quando as pessoas, por exemplo, se deslocam temporariamente para a apanha da fruta (motivação laboral) (Figura 8).
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Figura 7: Chegada de emigrantes portugueses à Gare de Austerlitz em 1965. Paris, França.
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Figura 8: Imigrantes na apanha da maçã em Marrocos.
Quando à tomada de decisão:
– Voluntárias ou livres:
Movimentos associados ao fator económico (busca de melhores salários) ou à realização profissional, surge por vontade própria, por livre iniciativa da população (Figura 9).
– Forçadas:
Por razões de ordem religiosa ou política (por exemplo a perseguição de minorias étnicas), guerras ou catástrofes naturais (sismos, tsunamis, furacões, inundações), a população pode ser obrigada a deslocar-se para outras áreas (Figura 10).
Ⓒ Expresso
Figura 9: Partida de emigrantes portugueses no Aeroporto Francisco Sá Carneiro. Porto.
Ⓒ The New York Times
Figura 10: Fuga de refugiados Sírios em 2014. Turquia.
Quando à relação com a lei:
– Legais ou documentadas:
Ocorre quando o migrante tem autorização de entrada e/ou permanência no país/região de chegada.
– Ilegais, indocumentadas ou clandestinas:
Por vezes, pode ocorrer a chegada de migrantes a um país/região que não respeite as formalidades legais. Neste caso trata-se de uma migração clandestina ou ilegal, ou seja, o migrante não tem autorização de entrada e/ou permanência no país de chegada.
As migrações são causadas por uma grande diversidade de fatores (Figura 11). Estes fatores originam movimentos populacionais das áreas repulsivas para as áreas atrativas. Na atualidade, os movimentos migratórios mais importantes têm origem nas regiões menos desenvolvidas, mais pobres e que apresentam um elevado crescimento demográfico e têm como destino as áreas mais atrativas tais como as regiões mais desenvolvidas, mais ricas, mais industrializadas e onde a pressão demográfica é menor.
Figura 11: Principais causas das migrações.
Causas naturais:
Estas migrações realizam-se devido à ocorrência de catástrofes naturais como os sismos, as erupções vulcânicas, as inundações, as secas, os tsunamis ou condições climáticas adversas (Figura 12).
Nas áreas de partida não há, muitas vezes, harmonia entre o crescimento demográfico e o aumento de recursos (como por exemplo, o aumento da produção agrícola para alimentar o crescente aumento da população ou o aumento do número de postos de trabalho) pelo que a população está associada a situações de pobreza, salários baixos, desemprego ou más condições de vida em geral. Assim, a solução passa por procurar melhores condições de vida numa outra área economicamente mais desenvolvida (Figura 13).
Ⓒ Rádio Renascença
Figura 12: Destruição causada pelo sismo ocorrido na fronteira entre o Irão e o Iraque a 12 de novembro de 2017.
Ⓒ The New York Times
Figura 13: Habitação precária na cidade de Addis Abada, Etiópia.
No âmbito destas migrações estão motivos socioculturais como por exemplo os artistas ou investigadores que procuram cidades importantes para desenvolverem e promoverem as suas pesquisas e/ou mostrarem as suas obras. Um outro exemplo são os estudantes que optam por estudar em Universidades de renome internacional como por exemplo Cambridge no Reino Unido, Sorbonne em França, Coimbra em Portugal ou Harvard nos EUA.
Estas migrações provêm essencialmente dos PED atingidos pelos conflitos armados (guerras), lutas e/ou perseguições étnicas, tensões sociais graves ou instabilidade política onde não estão garantidos os Direitos Humanos.
Causas religiosas:
As perseguições religiosas são outro exemplo de motivações para a deslocação de um povo. A intolerância religiosa manifesta-se num conjunto de ideologias e atitudes ofensivas a crenças religiosas diferentes. Em casos extremos esta intolerância dá origem a perseguições, originando a fuga forçada da população contribuindo para o aumento dos refugiados[Conceito] Pessoa que tem de sair do seu país por motivo de perseguição, guerra ou catástrofes naturais ou humanas..
As peregrinações a locais religiosos como por exemplo a Cova da Iria em Fátima, a São Tiago de Compostela em Espanha, a Lourdes em França, ao Vaticano (religião cristã), ou a Meca na Arábia Saudita (religião muçulmana) é outra das causas das migrações.
Quadro 1: Consequências das migrações nas áreas de partida dos migrantes.
Consequências demográficas | Consequências económicas | Consequências sociais |
Diminuição da população absoluta e da pressão demográfica | Diminuição da mão de obra dos diversos setores de atividade | Enriquecimento e intercâmbio cultural |
Pode conduzir a um Saldo Migratório negativo | Abandono dos campos agrícolas nas áreas rurais | Abandono das infraestruturas e serviços públicos |
Diminuição da Taxa Bruta de Natalidade e de Fecundidade | Diminuição do desemprego | Introdução de novas ideias, técnicas e hábitos |
Diminuição da Taxa de Crescimento Natural | Receção de poupanças envidas pelos emigrantes (remessas) | Diminuição dos encargos da Segurança Social |
Aumento da mortalidade | Aumento dos salários | Retrocesso no desenvolvimento regional |
Envelhecimento da população | Diminuição do espírito empreendedor e produtividade | Diminuição da população urbana |
Consequências económicas | ||
Diminuição da mão de obra dos diversos setores de atividade | ||
Abandono dos campos agrícolas nas áreas rurais | ||
Diminuição do desemprego | ||
Receção de poupanças envidas pelos emigrantes (remessas) | ||
Aumento dos salários | ||
Diminuição do espírito empreendedor e produtividade | ||
Consequências sociais | ||
Enriquecimento e intercâmbio cultural | ||
Abandono das infraestruturas e serviços públicos | ||
Introdução de novas ideias, técnicas e hábitos | ||
Diminuição dos encargos da Segurança Social | ||
Retrocesso no desenvolvimento regional | ||
Diminuição da população urbana |
Também nas áreas de chegada se verificam consequências a nível demográfico e socioeconómico (Quadro 2).
Quadro 2: Consequências das migrações nas áreas de chegada dos migrantes.
Consequências demográficas | Consequências económicas | Consequências sociais |
Aumento da população absoluta e da pressão demográfica | Aumento da mão de obra dos diversos setores de atividade | Enriquecimento e intercâmbio cultural |
Pode conduzir a um Saldo Migratório positivo | Fragmentação e perda de direitos dos trabalhadores | Dificuldade de integração dos imigrantes |
Aumento da Taxa Bruta de Natalidade e de Fecundidade | Disponibilidade de mão de obra barata | Falta de habitação e aumento dos bairros de lata |
Aumento da Taxa de Crescimento Natural | Envio de poupanças para o país de origem dos migrantes | Aumento dos encargos da Segurança Social |
Diminuição da mortalidade | Diminuição dos salários | Saturação das infraestruturas e serviços públicos |
Rejuvenescimento da população | Aumento do espírito empreendedor e produtividade | Aumento dos conflitos sociais, do racismo[Conceito] Corresponde à atitude ou comportamento de preconceito que defende a superioridade de um grupo sobre outro(s), baseada num conceito de raça ou etnia dentro de um território. Em alguns casos conduz a uma forte segregação social ou mesmo ao extermínio de uma minoria. e da xenofobia[Conceito] Corresponde à antipatia, fobia (medo) ou aversão aos estrangeiros, ao que é ou vem do estrangeiro. |
Consequências económicas | ||
Aumento da mão de obra dos diversos setores de atividade | ||
Fragmentação e perda de direitos dos trabalhadores | ||
Disponibilidade de mão de obra barata | ||
Envio de poupanças para o país de origem dos migrantes | ||
Diminuição dos salários | ||
Aumento do espírito empreendedor e produtividade | ||
Consequências sociais | ||
Enriquecimento e intercâmbio cultural | ||
Dificuldade de integração dos imigrantes | ||
Falta de habitação e aumento dos bairros de lata | ||
Aumento dos encargos da Segurança Social | ||
Saturação das infraestruturas e serviços públicos | ||
Aumento dos conflitos sociais, do racismo[Conceito] Corresponde à atitude ou comportamento de preconceito que defende a superioridade de um grupo sobre outro(s), baseada num conceito de raça ou etnia dentro de um território. Em alguns casos conduz a uma forte segregação social ou mesmo ao extermínio de uma minoria. e da xenofobia[Conceito] Corresponde à antipatia, fobia (medo) ou aversão aos estrangeiros, ao que é ou vem do estrangeiro. |
As migrações são um fenómeno que remonta aos primeiros períodos da Humanidade, no entanto, as suas manifestações e consequências têm mudado ao longo do tempo e à medida que o mundo se tornou mais globalizado. Os fluxos migratórios[Conceito] Corresponde à deslocação da população, em número significativo, dentro de um território ou para fora deste, devido a diferentes fatores em contextos históricos distintos. têm diferentes características relacionadas com as áreas de partida e de chegada, que foram alterando com o tempo, mas todas elas têm contribuído para o povoamento do Mundo com a redução da população total em certas regiões e o aumento do povoamento de outras.
Neste contexto, é possível identificar quatro grandes ciclos/fases migratórios/as (três deles nos últimos dois séculos), sendo que um deles pode ser subdividido em dois momentos com características totalmente diferentes.
1ª fase – Entre o século XV até meados do século XIX (expansão europeia):
Os objetivos políticos e económicos, relacionados com a exploração de recursos naturais e a expansão do território, conduziram a migrações intercontinentais da população europeia. O maior período teve início no século XVI com as colonizações portuguesa e espanhola do Novo Mundo. A América do Norte foi ocupada, principalmente, por colonos britânicos e franceses e a América do Sul e Central por colonos portugueses e espanhóis.
Um outro fluxo muito importante foi a saída forçada de escravos africanos para as Américas com o intuito de trabalharem nas diversas colónias.
⇒ Áreas de partida: sobretudo continente europeu e africano
⇒ Áreas de chegada: sobretudo continente americano
2ª fase – Desde meados do século XIX até meados do século XX (migrações transoceânicas e o período das grandes guerras):
Elevados fluxos migratórios desde meados do século XIX até sensivelmente à Primeira Grande Guerra (1914-1918): O aumento muito elevado da população do continente europeu (explosão demográfica motivada pela melhoria nos cuidados de saúde e de higiene), a precariedade (más condições de vida) da população (motivadas pela falta de terras aráveis, de emprego e/ou baixos salários devido ao desenvolvimento da indústria) e o desejo de novas oportunidades de enriquecimento motivaram a saída de milhões de europeus sobretudo para a América e para a Oceânia. Esta migração foi facilitada pelo desenvolvimento dos meios de transporte, nomeadamente o desenvolvimento de navios transatlânticos (Figura 14).
⇒ Áreas de partida: sobretudo continente europeu
⇒ Áreas de chegada: sobretudo continente americano
Baixos fluxos migratórios entre o início da Primeira Grande Guerra (1914-1918) e o final da Segunda Guerra Mundial (1939-1945): As dificuldades de navegação (ou o medo de viajar pois os navios eram, frequentemente, afundados) levaram à redução dos fluxos migratórios. Também a Grande Depressão (crise económica de 1929-1930 que conduziu ao colapso do capitalismo e do liberalismo económico e, consequentemente, à falência de muitos bancos e empresas) levou a que muitos países recetores de migrantes restringissem a imigração, ou seja, proibissem a entrada de imigrantes. A guerras deste período também não foram favoráveis à deslocação de pessoas (com a exceção dos militares recrutados) (Figura 15).
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Figura 14: RMS Titanic - Um de três transatlânticos de passageiros britânico, da Classe Olympic, construído e operado pela White Star Line.
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Figura 15: A invasão da Normandia pelos Aliados a 6 de junho de 1944, episódio conhecido como Dia D, envolveu mais de 130 mil soldados.
3ª fase – Desde meados do século XX até sensivelmente 1970 (depois de 1945 com o fim da Segunda Guerra Mundial):
Nesta fase as principais correntes migratórias foram do sul em direção ao centro do continente europeu (sobretudo França e Alemanha), pois ocorrera uma elevada mortalidade da sua população no período anterior, o que provocara a falta de mão de obra (a maioria dos que morreram eram jovens e adultos) para a sua reconstrução.
Simultaneamente, decorreu o processo de descolonização em África e na Ásia, que foi acompanhado pelo regresso de milhares de europeus das antigas colónias aos seus países de origem, devido à instabilidade política e social (os portugueses que regressaram a Portugal ficaram conhecidos como retornados[História] Que ou quem, tendo emigrado para os territórios ultramarinos portugueses ou sendo descendente de emigrantes nesses territórios, veio para Portugal, especialmente após a Revolução de 25 de Abril de 1974. ).
⇒ Áreas de partida: sobretudo países do sul do continente europeu e de países do norte do continente africano
⇒ Áreas de chegada: sobretudo países da europa central e ocidental como a França ou a Alemanha
4ª fase – Diminuição dos fluxos migratórios e o surgimento de novas tendências (desde 1970 até ao final da década de 1990):
Sensivelmente entre 1970 e os finais de 1980 as migrações tiveram uma redução muito acentuada devido às diversas crises económicas motivadas pela subida muito acentuada dos preços do petróleo de 1973 e 1980 (Choques Petrolíferos[Economia; História] No início dos anos 70, a procura internacional de petróleo começou a exceder a produção. Entre 1973 e 1974, a OPEP quadruplicou os preços do crude para cerca de 12$ o barril. Em 1979 e 1980, os membros da organização votam uma nova subida de preços e o barril passa a valer 30$ norte americanos. Esta política dos países produtores viria a criar enormes problemas de inflação nas nações industrializadas. Governos e bancos aumentaram as taxas de juro, agravando o problema de pagamento de dívidas.), que conduziram ao elevado desemprego. Por essa razão muitos países recetores de migrantes restringiram a imigração.
A partir de 1990 surgiram novas tendências migratórias, marcadas por uma grande diversidade de áreas de partida e áreas de chegada. A Europa continuou a ser um dos destinos mais procurados devido ao desenvolvimento dos países da Europa ocidental e central e também devido às condições climáticas e históricas dos países sul da Europa que atraem turistas. Com o crescente desenvolvimento económico e industrial dos países do sul e leste da Ásia, estas regiões tornaram-se também grandes focos atrativos de migrantes.
Nos finais do século XX, a proveniência das principais correntes migratórias foram sobretudo, dos PED de África e da Ásia motivadas pelas desigualdades entre os países mais desenvolvidos e os países menos desenvolvidos, pelo desemprego ou pelas guerras. São também importantes os fluxos migratórios da América Central para a América do Norte.
⇒ Áreas de partida: sobretudo países do continente africano e asiático
⇒ Áreas de chegada: sobretudo a Europa central, Europa ocidental e Europa do sul; alguns países do sudeste asiático
A população migrante tem crescido, quer em termos absolutos, quer em termos relativos. Todavia, são grandes as diferenças entre regiões. De uma forma geral, a população migra das regiões menos desenvolvidas, com carências económicas e/ou inseguras, para as regiões mais desenvolvidas, onde existem maiores oportunidades (Figura 16)
Principais países emissores e recetores de migrantes internacionais 2020
Origin | Destination | 2020 |
---|---|---|
South Sudan | Uganda | 1 022 433 |
Republic of Korea | United States of America* | 1 038 778 |
Syrian Arab Republic | Lebanon | 1 042 785 |
Romania | Italy | 1 048 862 |
Morocco | France* | 1 059 918 |
Bangladesh | United Arab Emirates | 1 095 231 |
Kazakhstan | Germany | 1 128 201 |
Uzbekistan | Russian Federation | 1 146 175 |
India | Kuwait | 1 152 175 |
Dominican Republic | United States of America* | 1 167 738 |
Russian Federation | Germany | 1 198 831 |
Guatemala | United States of America* | 1 226 849 |
Bangladesh | Saudi Arabia | 1 277 624 |
United Kingdom* | Australia* | 1 285 149 |
India | Oman | 1 375 667 |
Cuba | United States of America* | 1 376 211 |
Burkina Faso | Côte d'Ivoire | 1 376 350 |
Viet Nam | United States of America* | 1 403 193 |
El Salvador | United States of America* | 1 410 659 |
Pakistan | Saudi Arabia | 1 483 737 |
India | Pakistan | 1 597 134 |
Afghanistan | Pakistan | 1 598 223 |
Algeria | France* | 1 637 211 |
Indonesia | Saudi Arabia | 1 709 318 |
Venezuela (Bolivarian Republic of) | Colombia | 1 780 486 |
Puerto Rico* | United States of America* | 1 829 251 |
Turkey | Germany | 1 837 282 |
Philippines | United States of America* | 2 061 178 |
Poland | Germany | 2 141 722 |
China* | United States of America* | 2 184 110 |
State of Palestine* | Jordan | 2 272 411 |
China* | China, Hong Kong SAR* | 2 408 447 |
Russian Federation | Kazakhstan | 2 476 018 |
Bangladesh | India | 2 488 471 |
India | Saudi Arabia | 2 502 337 |
Kazakhstan | Russian Federation | 2 558 907 |
Afghanistan | Iran (Islamic Republic of) | 2 710 601 |
India | United States of America* | 2 723 764 |
Ukraine* | Russian Federation | 3 268 263 |
Russian Federation | Ukraine* | 3 330 586 |
India | United Arab Emirates | 3 471 300 |
Syrian Arab Republic | Turkey | 3 792 505 |
Mexico | United States of America* | 10 853 105 |
Viet Nam | Germany | 125 327 |
Syrian Arab Republic | Egypt | 125 673 |
China* | France* | 125 893 |
Morocco | Germany | 127 095 |
Sri Lanka | United Kingdom* | 128 207 |
France* | Italy | 128 283 |
Jamaica | United Kingdom* | 128 772 |
Bolivia (Plurinational State of) | Chile | 128 782 |
Egypt | Italy | 128 857 |
Burundi | Rwanda | 131 063 |
Ghana | United Kingdom* | 131 095 |
Ukraine* | Israel | 131 205 |
Ukraine* | Czechia | 131 316 |
Senegal | Gambia | 132 678 |
Republic of Korea | Canada | 132 786 |
Netherlands* | Belgium | 133 062 |
Sudan | United Arab Emirates | 133 226 |
Brazil | Spain* | 133 244 |
Brazil | Italy | 133 398 |
Israel | United States of America* | 133 771 |
Uruguay | Argentina | 134 043 |
Senegal | France* | 134 848 |
Bangladesh | Italy | 135 468 |
State of Palestine* | Egypt | 135 932 |
Madagascar | France* | 137 740 |
Romania | France* | 138 550 |
Kenya | United Kingdom* | 139 352 |
Sri Lanka | Australia* | 139 456 |
Australia* | United Kingdom* | 140 235 |
Indonesia | China, Hong Kong SAR* | 140 463 |
Philippines | United Kingdom* | 141 722 |
Armenia | Azerbaijan* | 141 756 |
Portugal | United Kingdom* | 141 916 |
Germany | Russian Federation | 141 947 |
Sri Lanka | Canada | 142 144 |
Afghanistan | United States of America* | 142 504 |
China* | Germany | 142 891 |
Viet Nam | France* | 143 865 |
China* | New Zealand* | 144 207 |
Republic of Korea | China* | 144 831 |
Poland | Ireland | 146 211 |
Iraq | Sweden | 147 715 |
Jamaica | Canada | 148 982 |
Poland | Netherlands* | 148 991 |
Indonesia | Bangladesh | 149 901 |
Portugal | Canada | 150 166 |
Somalia | United Kingdom* | 150 448 |
Spain* | United Kingdom* | 150 892 |
Uganda | South Sudan | 151 003 |
Philippines | Italy | 151 520 |
Finland* | Sweden | 151 661 |
Republic of Moldova* | Ukraine* | 152 249 |
Iran (Islamic Republic of) | Germany | 152 590 |
United States of America* | Germany | 152 639 |
Portugal | Germany | 152 869 |
Italy | Spain* | 153 583 |
Italy | Argentina | 153 824 |
Lebanon | Saudi Arabia | 153 988 |
Brazil | Portugal | 154 017 |
Sri Lanka | Qatar | 154 078 |
Nigeria | Niger | 154 739 |
Cambodia | United States of America* | 154 891 |
Myanmar | United States of America* | 156 410 |
Kenya | United States of America* | 156 960 |
Germany | Canada | 157 059 |
Poland | Canada | 157 733 |
Togo | Nigeria | 158 262 |
Morocco | Israel | 158 396 |
Thailand | Republic of Korea | 159 264 |
United States of America* | Puerto Rico* | 159 515 |
China* | Bangladesh | 159 619 |
Bolivia (Plurinational State of) | Spain* | 159 936 |
Turkey | Austria | 159 999 |
France* | Germany | 161 772 |
France* | United States of America* | 162 365 |
Cuba | Spain* | 162 368 |
Western Sahara | Algeria | 162 952 |
Belgium | France* | 163 609 |
Ethiopia | Saudi Arabia | 164 250 |
Netherlands* | Germany | 165 391 |
Iran (Islamic Republic of) | Canada | 166 294 |
India | Italy | 167 272 |
Guinea | Côte d'Ivoire | 167 516 |
Bosnia and Herzegovina | Austria | 168 798 |
Jordan | United Arab Emirates | 168 968 |
Democratic Republic of the Congo | Congo | 169 268 |
United Kingdom* | France* | 169 565 |
Nigeria | Cameroon | 169 602 |
Philippines | Qatar | 170 052 |
France* | Switzerland | 170 155 |
France* | United Kingdom* | 170 270 |
Zimbabwe | United Kingdom* | 170 350 |
Romania | United States of America* | 170 469 |
United States of America* | United Kingdom* | 170 771 |
Mali | Nigeria | 172 481 |
Lao People's Democratic Republic | United States of America* | 173 275 |
Colombia | Chile | 173 487 |
Morocco | Netherlands* | 174 914 |
Portugal | Brazil | 175 251 |
Tunisia | United States of America* | 175 685 |
Venezuela (Bolivarian Republic of) | Argentina | 176 369 |
Nepal | United States of America* | 176 462 |
Angola | Democratic Republic of the Congo | 177 028 |
Viet Nam | Republic of Korea | 177 274 |
Malaysia* | Australia* | 177 286 |
Serbia* | Austria | 177 609 |
China* | Spain* | 179 104 |
Angola | Portugal | 179 524 |
Viet Nam | Canada | 182 265 |
Suriname | Netherlands* | 182 922 |
Egypt | Qatar | 183 544 |
Sri Lanka | India | 184 780 |
Dominican Republic | Spain* | 184 832 |
Turkmenistan | Russian Federation | 185 561 |
Spain* | Germany | 186 074 |
France* | Belgium | 189 544 |
Lithuania | United Kingdom* | 190 342 |
Syrian Arab Republic | Sweden | 190 882 |
Eritrea | Ethiopia | 191 256 |
Portugal | United States of America* | 191 313 |
Lesotho | South Africa | 192 008 |
Switzerland | Italy | 193 568 |
Republic of Moldova* | Italy | 194 480 |
Côte d'Ivoire | Mali | 195 271 |
Philippines | Kuwait | 196 910 |
Peru | Argentina | 197 226 |
North Macedonia | Turkey | 198 004 |
Turkey | Netherlands* | 199 280 |
Democratic Republic of the Congo | Burundi | 199 585 |
Malaysia* | Bangladesh | 199 618 |
South Africa | Australia* | 199 690 |
Serbia* | Germany | 199 691 |
Germany | Spain* | 200 659 |
Ghana | United States of America* | 201 086 |
Iraq | Syrian Arab Republic | 203 003 |
Germany | France* | 203 426 |
Colombia | Ecuador | 203 470 |
Brazil | Japan | 204 814 |
Egypt | United States of America* | 204 993 |
Yemen | United Arab Emirates | 205 618 |
Nigeria | United Kingdom* | 205 773 |
Iraq | Jordan | 206 047 |
Italy | Australia* | 206 282 |
Trinidad and Tobago | United States of America* | 208 075 |
China* | United Kingdom* | 208 229 |
China, Hong Kong SAR* | China* | 209 555 |
Germany | Italy | 211 223 |
Romania | Hungary | 214 514 |
Chile | Argentina | 215 198 |
Pakistan | Canada | 217 807 |
Portugal | Switzerland | 218 672 |
Argentina | United States of America* | 219 448 |
Hungary | Germany | 220 774 |
Eritrea | Sudan | 220 960 |
France* | Spain* | 221 373 |
Bosnia and Herzegovina | Germany | 221 720 |
Burundi | United Republic of Tanzania* | 222 115 |
Ukraine* | Belarus | 222 436 |
Uzbekistan | Ukraine* | 223 491 |
China, Hong Kong SAR* | Canada | 225 006 |
Morocco | Belgium | 225 217 |
Kazakhstan | Ukraine* | 225 962 |
Peru | Spain* | 226 473 |
Iraq | Germany | 226 480 |
China, Hong Kong SAR* | United States of America* | 230 584 |
Germany | Austria | 232 836 |
Iraq | Turkey | 233 288 |
China* | Italy | 233 338 |
Russian Federation | Tajikistan | 234 998 |
Pakistan | Qatar | 235 505 |
Democratic Republic of the Congo | Rwanda | 236 657 |
Haiti | Chile | 236 912 |
Ghana | Nigeria | 238 284 |
Peru | Chile | 240 273 |
Jordan | Saudi Arabia | 240 606 |
Guyana | United States of America* | 241 573 |
Bangladesh | United Kingdom* | 241 799 |
Ethiopia | United States of America* | 245 671 |
South Africa | United Kingdom* | 247 336 |
Venezuela (Bolivarian Republic of) | Brazil | 248 105 |
Ukraine* | Italy | 248 460 |
Belarus | Ukraine* | 249 641 |
Pakistan | Oman | 250 092 |
Afghanistan | Germany | 250 444 |
Rwanda | Democratic Republic of the Congo | 251 333 |
Nepal | Qatar | 253 940 |
Italy | United Kingdom* | 254 054 |
Syrian Arab Republic | Iraq | 254 441 |
Italy | Canada | 254 831 |
Nicaragua | United States of America* | 255 008 |
Iraq | United States of America* | 256 028 |
Thailand | United States of America* | 256 642 |
Bangladesh | United States of America* | 261 496 |
Bangladesh | Qatar | 261 672 |
Myanmar | Saudi Arabia | 267 776 |
Viet Nam | Australia* | 269 812 |
Italy | Switzerland | 270 077 |
Ukraine* | Poland | 272 594 |
United States of America* | Canada | 273 226 |
Philippines | Japan | 275 252 |
Somalia | Yemen | 280 940 |
Spain* | France* | 282 397 |
Argentina | Spain* | 284 921 |
Republic of Moldova* | Romania | 285 364 |
Austria | Germany | 285 790 |
Philippines | Australia* | 286 303 |
United Kingdom* | New Zealand* | 286 746 |
Croatia | Serbia* | 288 708 |
Ukraine* | Germany | 289 743 |
Uganda | Kenya | 290 597 |
Republic of Moldova* | Russian Federation | 294 152 |
Uzbekistan | Kazakhstan | 296 511 |
China* | China, Macao SAR* | 300 567 |
Central African Republic | Cameroon | 303 005 |
Viet Nam | China* | 303 095 |
United Kingdom* | Spain* | 303 193 |
United Kingdom* | Ireland | 305 197 |
State of Palestine* | Libya | 305 476 |
Italy | United States of America* | 309 965 |
Germany | United Kingdom* | 310 043 |
Bulgaria | Germany | 314 911 |
Bangladesh | Oman | 316 467 |
Indonesia | United Arab Emirates | 318 809 |
Japan | United States of America* | 319 968 |
Central African Republic | Democratic Republic of the Congo | 323 269 |
Venezuela (Bolivarian Republic of) | Spain* | 325 667 |
Italy | France* | 325 933 |
Viet Nam | Japan | 335 668 |
Pakistan | Kuwait | 339 033 |
Turkey | France* | 340 271 |
Bosnia and Herzegovina | Serbia* | 342 526 |
Mozambique | South Africa | 350 463 |
Nicaragua | Costa Rica | 350 854 |
Ukraine* | Kazakhstan | 355 751 |
Germany | Switzerland | 357 112 |
India | Bahrain | 365 098 |
Ireland | United Kingdom* | 370 151 |
Ukraine* | United States of America* | 370 255 |
Sudan | Chad | 372 594 |
Germany | Turkey | 376 288 |
Benin | Nigeria | 377 169 |
Bangladesh | Kuwait | 380 046 |
Bosnia and Herzegovina | Croatia | 381 100 |
Croatia | Germany | 385 778 |
Iran (Islamic Republic of) | United States of America* | 387 246 |
Venezuela (Bolivarian Republic of) | Ecuador | 388 861 |
Greece | Germany | 391 502 |
Romania | United Kingdom* | 393 569 |
Russian Federation | United States of America* | 397 061 |
Democratic Republic of the Congo | Uganda | 397 638 |
Nigeria | United States of America* | 402 186 |
Poland | United States of America* | 406 794 |
Pakistan | United States of America* | 408 412 |
South Sudan | Ethiopia | 409 890 |
Somalia | Ethiopia | 411 152 |
Egypt | Kuwait | 421 025 |
Bolivia (Plurinational State of) | Argentina | 423 136 |
Somalia | Kenya | 425 284 |
Ecuador | United States of America* | 425 294 |
India | Nepal | 426 941 |
Ecuador | Spain* | 430 275 |
Peru | United States of America* | 435 868 |
Tunisia | France* | 444 572 |
Albania | Greece | 446 614 |
Georgia* | Russian Federation | 449 973 |
Colombia | Spain* | 450 377 |
Morocco | Italy | 451 960 |
Republic of Korea | Japan | 456 203 |
Tajikistan | Russian Federation | 466 252 |
State of Palestine* | Lebanon | 476 033 |
Afghanistan | Saudi Arabia | 481 215 |
Sudan | Saudi Arabia | 481 215 |
Albania | Italy | 486 187 |
Haiti | Dominican Republic | 496 112 |
Nepal | Saudi Arabia | 503 404 |
Venezuela (Bolivarian Republic of) | United States of America* | 505 647 |
Brazil | United States of America* | 517 519 |
Mali | Côte d'Ivoire | 522 146 |
Venezuela (Bolivarian Republic of) | Chile | 523 553 |
Armenia | Russian Federation | 526 997 |
Sri Lanka | Saudi Arabia | 529 336 |
Germany | United States of America* | 534 203 |
Pakistan | United Kingdom* | 537 047 |
United Kingdom* | Canada | 537 504 |
Côte d'Ivoire | Burkina Faso | 562 117 |
Philippines | United Arab Emirates | 564 769 |
India | Australia* | 579 264 |
Sudan | South Sudan | 587 668 |
Kyrgyzstan | Russian Federation | 591 025 |
State of Palestine* | Syrian Arab Republic | 596 357 |
Czechia | Germany | 603 049 |
New Zealand* | Australia* | 611 266 |
Romania | Spain* | 613 336 |
Philippines | Canada | 633 547 |
Portugal | France* | 639 888 |
Philippines | Saudi Arabia | 644 828 |
China* | Australia* | 653 232 |
Romania | Germany | 654 822 |
Bulgaria | Turkey | 661 438 |
Russian Federation | Belarus | 672 481 |
United Kingdom* | United States of America* | 673 667 |
Paraguay | Argentina | 685 714 |
Zimbabwe | South Africa | 690 243 |
Italy | Germany | 694 514 |
Syrian Arab Republic | Jordan | 698 701 |
China* | Canada | 699 190 |
India | Qatar | 702 013 |
Haiti | United States of America* | 705 361 |
Syrian Arab Republic | Germany | 707 457 |
India | Canada | 720 083 |
Nepal | India | 733 734 |
Belarus | Russian Federation | 763 879 |
Azerbaijan* | Russian Federation | 766 918 |
Yemen | Saudi Arabia | 769 945 |
Honduras | United States of America* | 773 045 |
China* | Japan | 775 893 |
Morocco | Spain* | 785 884 |
Jamaica | United States of America* | 792 370 |
Canada | United States of America* | 793 897 |
United States of America* | Mexico | 799 248 |
China* | Republic of Korea | 803 011 |
Colombia | United States of America* | 817 604 |
Syrian Arab Republic | Saudi Arabia | 823 261 |
Pakistan | India | 833 314 |
India | United Kingdom* | 835 359 |
Poland | United Kingdom* | 835 975 |
South Sudan | Sudan | 867 593 |
Russian Federation | Uzbekistan | 871 047 |
Egypt | United Arab Emirates | 899 612 |
Myanmar | Bangladesh | 907 426 |
Colombia | Venezuela (Bolivarian Republic of) | 917 753 |
Venezuela (Bolivarian Republic of) | Peru | 941 889 |
Egypt | Saudi Arabia | 962 432 |
Pakistan | United Arab Emirates | 996 288 |
Figura 16: Pricipais países emissores (esq.) e recetores (dir.) de migrantes internacionais, em 2020.
Em síntese, as migrações da atualidade refletem o facto de:
– A maioria das pessoas a migrar internacionalmente fazem-no por razões relacionadas com o trabalho, com a família e com os estudos;
– Os migrantes continuam a procurar as regiões com maiores oportunidades de trabalho e maior dinamismo económico;
– A Europa e a Ásia são as regiões que têm atraído mais imigrantes;
– As migrações internacionais têm perdido importância em relação às migrações internas;
– Os deslocamentos causados por conflitos, por violência e por desastres ambientais são, na atualidade, muito elevados, provocando o aumento de refugiados, com destaque para mulheres e crianças, em todo o mundo;
– Os deslocados internos têm aumentado devido à violação de direitos humanos, violência ou conflitos armados;
– O aumento do número de migrantes com elevada qualificação técnica e científica (fuga de cérebros, do inglês brain drain);
– Haver atualmente Países Desenvolvidos que são, ao mesmo tempo, países de emigração e imigração.
As migrações são condicionadas por um conjunto muito variado de fatores repulsivos que estimulam a população a deixar o seu país (por exemplo as secas prolongadas, o emprego instável, o desemprego ou os baixos salários, as más perspectivas de vida e de realização pessoal ou a repressão da liberdade individual por razões políticas, religiosas, étnicas, de género ou orientação sexual).
Por outro lado, alguns fatores atrativos favorecem a convergência de população para os países mais desenvolvidos (por exemplo as atrativas condições de vida, os elevados salários, as boas perspectivas de realização pessoal e profissional, o respeito pelas liberdades individuais, a gratuitidade no acesso à saúde e ao ensino ou a boa assistência social) (Figura 17).
Ⓒ British Broadcasting Corporation
Figura 17: Fatores atrativos e repulsivos que influenciam as migrações.
A evolução da população portuguesa reflete a influência do saldo migratório[Conceito] Corresponde à diferença entre a imigração e a emigração, num dado período de tempo, normalmente um ano., quer através de grandes correntes emigratórias, que contribuem para a diminuição da população, quer através de fluxos imigratórios, que fizeram com que o decréscimo populacional não fosse tão elevado, pelo menos na atualidade.
De uma forma geral, o saldo migratório negativo verifica-se em alturas de crise económica e o positivo em momentos de melhoria, resultando numa atratividade para países menos desenvolvidos (Figura 18).
Saldos populacionais anuais: saldo total, saldo natural e saldo migratório em Portugal 1960-2022
Anos | Saldo total | Saldo natural | Slado migratório |
---|---|---|---|
1960 | 118,9 | ||
1961 | 79,8 | 117,9 | -38,1 |
1962 | 49,5 | 123,3 | -73,9 |
1963 | 23,3 | 114,1 | -90,9 |
1964 | -13,2 | 120,3 | -133,5 |
1965 | -60,3 | 115,1 | -175,4 |
1966 | -74,9 | 106,9 | -181,7 |
1967 | -38,0 | 106,2 | -144,3 |
1968 | -37,7 | 100,3 | -138,0 |
1969 | -120,2 | 88,7 | -208,8 |
1970 | -34,4 | 87,6 | -122,0 |
1971 | -39,0 | 82,6 | -121,5 |
1972 | 12,3 | 84,4 | -72,0 |
1973 | -7,0 | 76,9 | -83,9 |
1974 | 249,5 | 75,1 | 174,5 |
1975 | 428,7 | 81,7 | 347,0 |
1976 | 96,0 | 84,7 | 11,3 |
1977 | 103,7 | 85,0 | 18,8 |
1978 | 101,4 | 71,3 | 30,1 |
1979 | 104,6 | 67,6 | 37,0 |
1980 | 105,4 | 63,5 | 41,9 |
1981 | 64,7 | 56,3 | 8,3 |
1982 | 56,2 | 58,6 | -2,4 |
1983 | 36,0 | 48,1 | -12,1 |
1984 | 40,7 | 45,8 | -5,1 |
1985 | 14,0 | 33,4 | -19,3 |
1986 | 4,2 | 31,2 | -27,0 |
1987 | -9,6 | 28,1 | -37,7 |
1988 | -11,2 | 24,2 | -35,5 |
1989 | -18,0 | 22,7 | -40,8 |
1990 | -25,6 | 13,6 | -39,1 |
1991 | -20,4 | 12,4 | -32,8 |
1992 | 4,9 | 14,3 | -9,4 |
1993 | 19,4 | 8,0 | 11,4 |
1994 | 34,3 | 10,0 | 24,3 |
1995 | 35,0 | 3,6 | 31,4 |
1996 | 40,5 | 3,4 | 37,1 |
1997 | 49,6 | 8,2 | 41,4 |
1998 | 52,9 | 7,2 | 45,7 |
1999 | 62,4 | 8,1 | 54,3 |
2000 | 81,8 | 14,6 | 67,1 |
2001 | 63,9 | 7,7 | 56,2 |
2002 | 49,9 | 8,1 | 41,8 |
2003 | 28,5 | 3,7 | 24,7 |
2004 | 21,6 | 7,3 | 14,3 |
2005 | 17,3 | 1,9 | 15,4 |
2006 | 20,6 | 3,5 | 17,1 |
2007 | 20,8 | -1,0 | 21,8 |
2008 | 9,7 | 0,3 | 9,4 |
2009 | 10,5 | -4,9 | 15,4 |
2010 | -0,8 | -4,6 | 3,8 |
2011 | -13,8 | -6,0 | -7,8 |
2012 | -55,1 | -17,8 | -37,3 |
2013 | -59,8 | -23,8 | -36,0 |
2014 | -49,0 | -22,5 | -26,5 |
2015 | -26,6 | -23,0 | -3,5 |
2016 | -24,1 | -23,4 | -0,6 |
2017 | -8,7 | -23,6 | 14,9 |
2018 | -2,3 | -26,0 | 23,8 |
2019 | 41,9 | -25,3 | 67,2 |
2020 | 18,9 | -38,9 | 57,8 |
2021 | 26,8 | -45,3 | 72,1 |
2022 | 46,2 | -40,6 | 86,9 |
Figura 18: Evolução das migrações em Portugal, entre 1960 e 2022.
Relativamente à emigração portuguesa destacam-se três fases bastante distintas:
A falta de oportunidades e a pobreza que se fazia sentir levaram a que milhões de portugueses emigrassem com destino ao continente americano. Estas migrações eram de caracter definitivo e tiveram como destinos principais o Brasil, os EUA, a Venezuela e a Argentina. A vontade de migrar para o Brasil deveu-se, sobretudo, à abolição da escravatura, que conduziu à falta de mão de obra.
Também a erupção do vulcão dos Capelinhos, na Ilha do Faial, nos Açores (1957-1958), levou a que milhares de residentes no arquipélago se deslocassem para esse continente.
2ª fase – Desde 1960 até 1973:
A partir dos anos 60 do século XX verificou-se um crescimento explosivo da emigração portuguesa. A Europa ocidental passa a ser o destino mais escolhido pelos portugueses para melhorarem as suas vidas. Várias economias, que apesar de afetadas diretamente pela Segunda Guerra Mundial, apresentavam condições laborais superiores às oferecidas por Portugal e necessitavam de mão de obra não especializada para a sua reconstrução. Os principais destinos foram a França, a República Federal Alemã, a Suíça, o Luxemburgo ou o Reino Unido.
Contudo, os açorianos (pessoas naturais do Arquipélago dos Açores) continuaram, neste período, a preferir o continente norte americano, nomeadamente os EUA e o Canadá. Os madeirenses (pessoas naturais do Arquipélago da Madeira) continuaram a preferir o continente sul americano, nomeadamente o Brasil e a Venezuela.
3ª fase – Desde 1973 até a atualidade:
A partir de 1973 registou-se uma diminuição da emigração portuguesa motivada sobretudo pelas crises petrolíferas, razão pela qual muitos países recetores de migrantes restringiram a imigração com o objetivo de reduzir o desemprego da sua população. Neste período alguns países como a França ou a Alemanha pagavam mesmo indeminizações para que as pessoas regressassem aos seus países de origem.
Também a revolução de 25 de abril de 1974, que conduziu a democratização da sociedade portuguesa e ao abandono da ditadura de Salazar, o fim da Guerra Colonial Portuguesa[História; Política] Corresponde ao período de confrontos entre as Forças Armadas Portuguesas e as forças organizadas pelos movimentos de libertação das antigas colónias entre 1961 e 1974. A Revolução dos Cravos em Portugal (25 de Abril de 1974), que põe fim à ditadura do Estado Novo, permitiu que se pusesse fim a uma guerra que durava há treze anos e dar início ao processo de descolonização. (os homens já não sentiam necessidade de abandonar o país pois já não seriam obrigados a participar na guerra) ou a entrada de Portugal na Comunidade Económica Europeia (CEE) em 1986, que conduziu à abertura da economia portuguesa ao exterior e à melhoria das condições de vida da população, conduziram à diminuição da emigração portuguesa.
Sobretudo a partir de meados da década de 1990, a emigração portuguesa voltou a aumentar, mantendo-se significativa até à atualidade, devido às crises económicas ou à falta de oportunidades profissionais, tendo destinos muito diversificados dentro do continente europeu como o Reino Unido, a França, a Alemanha, a Bélgica, mas também países de outros continentes tal como por exemplo Angola ou Moçambique no continente africano, o Brasil no continente americano, ou a China no continente asiático. Este aumento deveu-se sobretudo ao fim dos condicionalismos administrativos que restringiam a saída das pessoas, como, por exemplo, a obrigatoriedade da existência de passaporte para viajar para alguns países, motivado pela assinatura do Acordo de Schengen[Política] Corresponde a uma convenção entre países europeus, assinada em 1992 em Schengen, no Luxemburgo, sobre uma política de abertura das fronteiras e livre circulação de pessoas entre os países signatários, incluindo a maioria dos países da UE e alguns países extra UE. Este acordo permite a livre circulação de pessoas dentro dos países signatários, sem a necessidade de apresentação de passaporte nas fronteiras., que estabelecera a livre circulação de pessoas (e bens) nos países signatários do acordo e devido ao desenvolvimento dos transportes e comunicações.
Estas diferentes fases apresentam ainda alterações no que se refere à qualificação da população emigrante portuguesa. No passado, a maioria dos que saíam do país não apresentavam qualificações profissionais (a maioria não tinha mais do que o 4º ano de escolaridade), eram jovens e muitos eram provenientes das áreas rurais devido à economia assente na agricultura, com baixos salários, elevado desemprego e baixos níveis de vida.
Na atualidade, devido ao desemprego e falta de oportunidades, muitos portugueses, em busca de um emprego estável e bem renumerado, continuam a optar pela emigração. Na maioria, são pessoas jovens do sexo masculino (apesar de ter aumentado muito o número de emigrantes do sexo feminino) com um elevado nível de qualificações profissionais e superiores (Figura 19).
Ⓒ Carlos Sêco
Figura 19: Características do emigrante português em 1965 e 2012.
A partir de meados dos anos 70 do século XX, a entrada de pessoas estrangeiras no nosso país, ou seja imigração, começou a ganhar expressão a par do regresso de muitos portugueses.
Assim, com as mudanças políticas implementadas em Portugal, nomeadamente a revolução de 25 de abril de 1974 (Portugal passou de uma ditadura para uma democracia) e a independência das colónias, muitos portugueses regressaram a Portugal (nomeadamente os que se encontravam nas ex-colónias, e aqueles que por motivos políticos se encontravam impossibilitados de entrar no país).
Paralelamente a estes movimentos, Portugal foi abrindo, progressivamente, as suas fronteiras aos imigrantes, sobretudo dos PALOP[Política] (PALOP – Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa) Corresponde à designação dada a um grupo de cooperação regional que reúne os países africanos que têm a língua portuguesa como oficial. Também conhecidos como África Lusófona, o grupo é composto pelos cinco membros originais — Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e São Tomé e Príncipe — e a Guiné Equatorial, que aderiu ao grupo posteriormente e adotou a língua portuguesa como oficial..
Nos finais do século XX e início do século XXI, o incremento da imigração foi pautada pela conjuntura económica favorável materializada em grandes projetos como a construção da barragem do Alqueva (1998-2002), a Exposição Mundial (Expo-98), a Ponte Vasco da Gama (1995-1998) ou o Campeonato Europeu de Futebol (Euro-2004). Neste contexto, Portugal tornou-se no início do século um país recetor de imigrantes da Europa de Leste (por exemplo a Ucrânia, a Moldávia ou a Roménia), da América (por exemplo o Brasil) e da Ásia (por exemplo a China, o Nepal ou a Índia). Nas últimas últimas duas décadas, muitos franceses, ingleses ou alemães reformados têm escolhido Portugal para aqui se instalarem (Figura 20).