Fonte: https://www.elperiodico.com/es/fotos/internacional/veinticinco-anos-del-genocidio-ruandes-113996/4595168
Ⓒ elPeriódico
Grande parte dos países menos desenvolvidos encontram-se localizados em áreas onde os solos são pouco férteis (como as zonas montanhosas ou as áreas desérticas) e nas regiões tropicais. Desta forma, a produção agrícola está muito dependente das condições naturais. Também em situações de catástrofe (secas, inundações, pragas), a destruição de culturas reduz a disponibilidade de alimentos, originando, muitas vezes, situações de subnutrição e fome. Por outro lado, a intensa desflorestação em algumas destas áreas, com o consequente desgaste, empobrecimento dos solos e a progressiva desertificação, potenciam uma maior dificuldade em produzir bens alimentares que satisfaçam a necessidade da população.
Uma população subnutrida e doente não consegue contribuir para o desenvolvimento do país.
Figura 1: Devastação provocada pela passagem do furacão Irma em agosto de 2017, classificado com a categoria V. São Martinho, Caraíbas.
Principais consequências dos obstáculos naturais:
– Danos materiais, nomeadamente a destruição de infraestruturas e de vias de comunicação (habitações, escolas, hospitais, estradas, …);
– Vítimas mortais e desalojados;
– Comprometimento da salubridade[Conceito] Salubridade ou estado de salubre, são as circunstâncias convenientes ou benéficas à saúde, estando asseguradas as condições de limpeza e higiene. e da segurança alimentar[Conceito] É condição necessária para o bem-estar físico, social e mental. A impossibilidade de prover uma quantidade mínima de refeições e de alimentos ameaça todo o bem-estar e desenvolvimento humano.;
– Maior exposição das populações a doenças e proliferação de epidemias;
– Aumento das desigualdades sociais e aumento da vulnerabilidade dos Países Em Desenvolvimento.

Ⓒ Kluwer Academic Publishers
Figura 2: Potências colonizadoras e data de independência dos países africanos.
Principais consequências dos obstáculos históricos:
– Economias mantiveram uma forte dependência externa e ficaram destruturadas;
– Sociedades desarticuladas (grupos étnicos separados) e perda de identidade das populações;
– Os países enfrentaram uma forte instabilidade política (guerras civis, golpes de estado e ditaduras militares);
– Elevado crescimento demográfico e agravamento das condições de vida, dado o fraco crescimento económico e o insuficiente desenvolvimento das atividades económicas.
Figura 3: As crianças são muitas vezes mobilizadas e ativamente envolvidas em guerras e outros conflitos armados, como esta "criança soldado". Quénia.
Figura 4: Exemplos de leis contra a liberdade em alguns países do mundo.
Principais consequências dos obstáculos políticos:
– Destruição de infraestruturas e vias de comunicação (escolas, hospitais, estradas, habitações, …);
– Vítimas mortais (soldados e civis) e desalojados;
– Gera fluxos de emigração (refugiados);
– Aumento da insegurança alimentar e social;
– Aumento das desigualdades sociais.
O acentuado crescimento demográfico, aliado à baixa capacidade de investimento na educação e na saúde revela-se um obstáculo devido à impossibilidade de formar uma sociedade com competências para promover o desenvolvimento. Como se pode ver no gráfico seguinte, são as regiões menos desenvolvidas que mais contribuem para o elevado crescimento populacional contrariamente ao que acontece nas regiões mais desenvolvidas, onde, em alguns casos, o crescimento é negativo.
Figura 5: Número de enfermeiros e de camas hospitalares por cada 10 mil habitantes, por regiões do mundo, 2014.

Ⓒ Organização Mundial do Trabalho
Figura 6: Alguns números sobre o trabalho infantil no mundo, 2013.
Figura 7: Países com a menor despesa em educação em percentagem do PIB, 2014.
Figura 8: Percentagem da população com acesso a uma fonte de água melhorada, a saneamento básico e a eletricidade na habitação, por região do mundo, 2014.
Principais consequências dos obstáculos sociais:
– As populações vivem sem meios de subsistência, com fome, ausência de hábitos de higiene e uma elevada vulnerabilidade a inúmeras doenças;
– Os níveis de instrução das populações são reduzidos (elevadas taxas de analfabetismo da população, sobretudo feminina) conduzindo a uma inaptidão para incorporar processos produtivos inovadores e de base tecnológica, condicionando a capacidade produtiva dos meios de produção;
– A reduzida produtividade e as baixas remunerações condiciona o acesso das famílias à satisfação das necessidades básicas, contribuindo para que aumente o trabalho infantil e o abandono escolar.
Figura 9: Alguns países cujas exportações dependem, principalmente, de um produto.
Figura 10: Trocas comerciais entre os Países Desenvolvidos e os Países Em Desenvolvimento.
Principais consequências dos obstáculos económicos:
– Populações e recursos explorados por interesses de uma economia especulativa;
– O pagamento de dívidas e juros não permite o investimento na modernização da estrutura económica e na melhoria das condições de vida das populações (saúde, educação, …);
– As exportações estão centradas num número reduzido de produtos, provenientes do setor primário (agricultura, exploração dos recursos naturais, …), o que dificulta a fragilidade económica face aos mercados internacionais.
Figura 11: Balança comercial.
. Quando o valor das exportações é superior ao das importações verifica-se uma valorização dos termos de troca que se tornam favoráveis ao país em causa. Quando a situação é inversa verifica-se uma deterioração/degradação dos termos de troca, que se torna desfavorável a esse país. Para esta degradação contribui um conjunto variado de fatores (Figura 12).
Figura 12: Principais causas da degradação dos termos de troca.
Atualmente, o comércio mundial caracteriza-se de três formas:
As relações Norte-Sul: estabelecem-se fluxos comerciais entre Países Desenvolvidos e os Países Em Desenvolvimento;
As relações Norte-Norte: decorrem entre Países Desenvolvidos;
As relações Sul-Sul: entre Países Em Desenvolvimento e países menos desenvolvidos.
Figura 13: Exemplo da degradação dos termos de troca.
– A sustentabilidade integral, em todas as dimensões (social, económica e ambiental), com um foco de responsabilidade compartilhada entre todos os atores envolvidos nas cadeias comerciais;
– As relações comerciais justas, solidárias e transparentes, a longo prazo que dignifique o trabalho dos seres humanos, que respeite as diversidades culturais, étnicas e de género e que fomente a sustentabilidade ambiental e entre gerações;
– A promoção e o respeito pelos Direitos Humanos, fomentando um justo reconhecimento do trabalho de trabalhadores agrícolas e artesanais.
Figura 14: Logótipo do comércio justo.
O comércio mundial é uma consequência do desenvolvimento dos transportes e das telecomunicações que contribuíram para que o mundo “encurtasse” distâncias e fossem possíveis rápidas (e com menores custos) trocas comerciais. Este processo de globalização[Conceito] Processo dinâmico pelo qual determinados fenómenos técnicos, socioeconómicos e culturais se relacionam e se difundem por todo o planeta, envolvendo as pessoas, as empresas e os diversos governos. permitiu a abolição de algumas fronteiras nas relações comerciais, possibilitando o surgimento das empresas multinacionais/transnacionais[Economia] Corresponde a uma empresa sediada num país, onde está a empresa mãe, e que produz ou vende bens e serviços em vários países. Todas as atividades realizadas por eventuais parceiros espalhados pelo mundo são controladas pela empresa mãe. Algumas das principais características destas empresas são a sua grande dimensão, o facto de terem as suas atividades espalhadas por todo o mundo, os investimentos efetuados no estrangeiro ou a compra de licenças de exclusividade..
Estas expandem-se por todos os continentes sendo difícil definir a sua nacionalidade assim como a origem dos seus produtos, que são adquiridos em qualquer parte do mundo. As multinacionais são cada vez em maior número e geram capitais elevadíssimos, muitas vezes superiores ao PIB de muitos países, sobretudo dos PED (Figura 15).
Figura 15: Empresas mais valiosas do mundo segundo a Kantar BrandZ.
Quadro 1: Aspetos positivos e negativos da globalização do comércio mundial.
Aspetos positivos | Aspetos negativos |
Aumento dos fluxos de importação e de exportação de bens | Os lucros não são aplicados nos países de acolhimento |
Promove a descida dos preços dos produtos | Aumento descontrolado do consumo |
Maior divulgação dos produtos comerciais | Desrespeito pelos Direitos Humanos |
Transferência de tecnologia para os países menos desenvolvidos | Exploração desmedida de matérias-primas e de mão de obra barata e abundante |
Desenvolvimento dos transportes e das telecomunicações | Marginalização dos países que não estão preparados para os mercados internacionais |
Aproximação geográfica, gerando oportunidades de negócio | Proliferação dos problemas ambientais |
Contribui para o crescimento económico | Aumento das crises financeiras |
Aspetos positivos | |
Aumento dos fluxos de importação e de exportação de bens | |
Promove a descida dos preços dos produtos | |
Maior divulgação dos produtos comerciais | |
Transferência de tecnologia para os países menos desenvolvidos | |
Desenvolvimento dos transportes e das telecomunicações | |
Aproximação geográfica, gerando oportunidades de negócio | |
Contribui para o crescimento económico | |
Aspetos negativos | |
Os lucros não são aplicados nos países de acolhimento | |
Aumento descontrolado do consumo | |
Desrespeito pelos Direitos Humanos | |
Exploração desmedida de matérias-primas e de mão de obra barata e abundante | |
Marginalização dos países que não estão preparados para os mercados internacionais | |
Proliferação dos problemas ambientais | |
Aumento das crises financeiras |
Em Portugal, a criação de riqueza no país é muito reduzida e, consequentemente dificulta também o desenvolvimento humano. Isto deve-se, entre outros fatores, ao fraco dinamismo económico, à dificuldade das empresas portuguesas competirem com outras empresas a nível mundial, à falta de capitais, à reduzida escolaridade e formação dos portugueses ou aos salários baixos.
As relações comerciais de Portugal são preferencialmente com países da União Europeia (UE), sobretudo com a Espanha, a França, a Alemanha e o Reino Unido, fruto da inserção de grandes comunidades portuguesas nestes países mas também pela sua proximidade geográfia. As exportações para os países Intra-UE centraram-se nos 38 687 milhões de euros e as importações nos 50 898 milhões de euros. No espaço Extra-UE as exportações fixaram-se nos 15 099 e as importações nos 17 010 milhões de euros, respetivamente.
Em relação aos produtos transacionados em 2020, os combustíveis e lubrificantes, as máquinas industriais, os produtos eletrónicos, os automóveis e os produtos alimentares são o grupo de produtos mais importados.
-
Referências
-
Answers Africa. (2019). Buzzkenya | Answers Africa [online] Available at: https://answersafrica.com/buzzkenya [Accessed 26 Oct. 2019].
Bureau International do Trabalho. (2013). Medir o progresso na luta contra o trabalho infantil: Estimativas e tendências mundiais 2000-2012. [e-book] Retrieved from: https://www.ilo.org/wcmsp5/groups/public/@ed_norm/@ipec/documents/publication/wcms_221799.pdf [Accessed 21 Oct. 2019]. Programa Internacional para a Eliminação do Trabalho Infantil.
Conceição, P. (2020). Human Development Report 2020: The next frontier Human development and the Anthropocene. [e-book] Retrieved from: http://hdr.undp.org/sites/default/files/hdr2020.pdf [Accessed 10 September 2021]. United Nations Development Programme.
Fairtrade International. (2019). Fairtrade [online] Available at: https://www.fairtrade.net [Accessed 22 Sep. 2019].
Freedom House. (2019). Freedom House. [online] Available at: https://freedomhouse.org [Accessed 30 Sep. 2019].
Grier, R. (1999). Colonial Legacies and Economic Growth. Public Choice, 98 (No. 3/4), 317–339.
Hochschulverband für Geographiedidaktik. (2019). Geographiedidaktik | Hochschulverband für Geographiedidaktik. [online] Available at: https://geographiedidaktik.org [Accessed 10 Oct. 2019].
Instituto Nacional de Estatística. (2019). Statistics Portugal - Web Portal. [online] Available at: https://www.ine.pt/xportal/xmain?xpid=INE&xpgid=ine_main [Accessed 26 Oct. 2019].
Instituto Nacional de Estatística. (2021). Portugal em números: 2020. [e-book] Retrieved from: http://www.hdr.undp.org/sites/default/files/2015_human_development_report_0.pdf [Accessed 15 Nov. 2020]. Instituto Nacional de Estatística.
Jahan, S. (2018). Human Development Indices and Indicators: 2018 Statistical Update [e-book] Retrieved from: http://hdr.undp.org/sites/default/files/2018_human_development_statistical_update.pdf [Accessed 10 Jul. 2019]. United Nations Development Programme.
Jahan, S., & Jespersen, E. (2015). Human Development Report 2015: Work for Human Development. [e-book] Retrieved from: http://www.hdr.undp.org/sites/default/files/2015_human_development_report_0.pdf [Accessed 15 Aug. 2019]. United Nations Development Programme.
Jahan, S., & Jespersen, E. (2016). Human Development Report 2016: Human Development for Everyone. [e-book] Retrieved from: http://hdr.undp.org/sites/default/files/2016_human_development_report.pdf [Accessed 8 Sep. 2018]. United Nations Development Programme.
Kantar Group and Affiliates. (2019). Kantar | Discover the Kantar BrandZ Most Valuable Global Brands. [online] Available at: https://www.kantar.com/campaigns/brandz/global [Accessed 4 Sep. 2020].
Ruane, J. (1994). Colonial Legacies and Cultural Reflexivities. Etudes Irlandaises - L’Irlande Aujourd’hui, H-S 1, 107–119.
Seavoy, R. (2003). Origins and Growth of the Global Economy: From the Fifteenth Century Onward. Praeger.
World Health Organization. (2019a). World Health Organization. [online] Available at: https://www.who.int [Accessed 26 Oct. 2019].
World Health Organization. (2019b). World Health Statistics | World Health Organization. [online] Available at: https://www.who.int/data/gho/publications/world-health-statistics [Accessed 15 Oct. 2019].