Fonte: https://pixabay.com/pt/photos/inverno-pinheiros-neve-frio-1203309/
Ⓒ Pixabay License
- Última atualização: 15 de Julho, 2024
Compreender o tempo atmosférico e o clima
A informação relativa ao estado do tempo[Conceito] Corresponde às condições meteorológicas, isto é, ao estado da atmosfera, num determinado local e por um curto período de tempo, normalmente horas. num determinado lugar e num determinado momento, bem com as respetivas previsões, ou seja, o tempo que se vai sentir nas próximas horas, dias ou mesmo semanas, é algo que ouvimos diariamente nos diversos meios de comunicação social (como por exemplo a televisão, o rádio, a internet, os jornais e até mesmo em aplicações de telemóvel). Deste modo, diariamente ouvimos, por exemplo, que o céu está pouco nublado ou limpo, que as temperaturas no lugar X são de 15ºC mas que poderão atingir os 24ºC ou que para as próximas horas se prevê chuva no litoral norte (Figura 1).
Estado do tempo
Direção do vento
Intensidade do vento
Ondulação
Estado do tempo
Direção do vento
Intensidade do vento
Ondulação
Estado do tempo
Direção do vento
Intensidade do vento
Ondulação
Figura 1: Previsão do estado do tempo até três dias em Portugal.
Conhecer com antecedência como estará o tempo é muito importante, dado que influencia, por exemplo:
– A vida de todos nós, nomeadamente na roupa que vestimos ou as atividades que realizamos;
– A realização de atividades económicas como a agricultura, a pesca ou o turismo;
– A disponibilidade de importantes recursos naturais como a água ou a vegetação;
– A deslocação de navios ou aviões por determinadas rotas;
– A ocorrência de determinadas catástrofes naturais como as cheias e inundações, as secas, as vagas de frio e as ondas de calor ou os furacões.
Estado do tempo: está associado às condições atmosféricas num determinado momento;
Clima: corresponde ao comportamento médio dos elementos do clima durante, pelo menos, trinta anos.
Temperatura do ar: corresponde à quantidade de calor que possui o ar atmosférico. Mede-se habitualmente em graus Celsius (ºC);
Nebulosidade: corresponde à quantidade de céu coberto por nuvens. Mede-se habitualmente em oitavos de céu encoberto;
Humidade atmosférica: corresponde à quantidade de vapor de água existente no ar da atmosfera. Mede-se habitualmente em gramas por metro cúbico (g/m³);
Pressão atmosférica: corresponde à força/pressão que o ar exerce sobre a superfície terrestre. Mede-se habitualmente em milibares (mbar);
Precipitação: corresponde à queda de água sob o estado líquido ou sólido. Mede-se habitualmente em milímetros (mm);
Insolação: corresponde à quantidade de radiação solar recebida à superfície da Terra. Mede-se habitualmente em número de horas de sol a descoberto;
Vento: corresponde à deslocação do ar com determinada direção e velocidade/intensidade. Mede-se habitualmente em quilómetros por hora (Km/h).
Ⓒ Escola Virtual
Figura 2: Principais elementos climáticos e respetivos instrumentos de medição.
Ⓒ We Love Geography
Figura 3: Fatores climáticos que influenciam os elementos do clima.
– Uma parte da radiação solar (proveniente do sol) atravessa a atmosfera e penetra na superfície da Terra ➊;
– Parte da radiação absorvida pela Terra é devolvida à atmosfera sob a forma de calor (radiação infravermelha). Este fenómeno é denominado de irradiação terrestre e é a principal fonte de aquecimento do ar ➋.
Ⓒ Escola Virtual
Figura 4: Processo de aquecimento do ar junto da superfície terrestre.
Variação da temperatura ao longo do dia:
– A sucessão dos dias e das noites;
– A variação diurna da temperatura;
– O movimento diurno aparente do sol.
Ⓒ Giphy
Figura 5: A alternância dos dias e das noites com o movimento de rotação da Terra.
Ⓒ Escola Virtual
Figura 6: Variação da temperatura num dia de agosto em Lisboa.
Como podemos analisar as temperaturas ao longo de um dia (de um mês ou de um ano)?
A partir de registos de temperatura de qualquer lugar do mundo, podemos calcular a amplitude térmica[Conceito] Diferença entre a temperatura máxima e a temperatura mínima registadas num determinado período de tempo (dia, mês ou ano), num determinado lugar. diurna (mensal ou anual) através da diferença entre a temperatura máxima, ou seja mais elevada, e a temperatura mínima, ou seja mais baixa. A partir dos mesmos registos pode também ser importante calcular a temperatura média[Conceito] Somatório dos registos de temperatura a dividir pelo número de observações. diária (mensal ou anual).
Para os exemplos seguintes utilizamos a informação presente no gráfico da figura anterior (Figura 6).
Cálculo da amplitude térmica diurna (ATD)
1º - Saber as temperaturas para um determinado lugar registadas ao longo do dia:
27º 24º 22º 21º 21º 26º 31º 31º
2º - Utilizar a fórmula e efetuar os cálculos:
ATD = Temperatura máxima - Temperatura mínima
ATD = Tmáx - Tmin
ATD = 31 - 21
ATD = 10
3º - Dar uma resposta:
R.: A amplitude térmica, num dia de agosto em Lisboa, foi de 10ºC.
Cálculo da temperatura média diária (TMD)
1º - Saber as temperaturas para um determinado lugar registadas ao longo do dia:
27º 24º 22º 21º 21º 26º 31º 31º
2º - Utilizar a fórmula e efetuar os cálculos:
TMD = Somatório das temperaturas Número total de registos
TMD = (27 + 24 + 22 + 21 + 21 + 26 + 31 + 31) 8
TMD = 203 8
TMD ≈ 25
3º - Dar uma resposta:
R.: A temperatura média, num dia de agosto em Lisboa, foi de aproximadamente 25ºC.
Ⓒ Escola Virtual
Figura 7: Movimento aparente do sol e inclinação dos raios solares.
O ângulo de incidência reflete a quantidade e intensidade de radiação solar recebida por um determinado lugar (por unidade de superfície) e consequentemente as temperaturas que se fazem sentir ao longo do dia nesse mesmo lugar. Nas primeiras horas do dia (e também nas últimas), os raios solares incidem de forma muito obliqua, ou seja inclinada, na superfície da Terra. Assim, a energia dispersa-se por uma superfície maior, pelo que é menor o aquecimento.
Quando o sol atinge o meio dia solar (ou imediatamente antes ou depois) os raios incidem com menor inclinação na superfície de Terra, portanto sobre uma superfície menor e com maior intensidade. Deste modo, a energia concentra-se numa superfície menor, e consequentemente o aquecimento é maior.
Quanto maior for o ângulo de incidência menor será a espessura atmosférica a atravessar ➌ pelo que menores serão as perdas de energia e mais elevada será a intensidade de radiação por unidade de superfície. As temperaturas serão maiores
Ⓒ Escola Virtual
Figura 8: Espessura da atmosfera atravessada pelos raios solares em diferentes lugares da superfície terrestre.
Quadro 1: Variação da temperatura durante o dia.
Durante a noite | Nascer do sol | Meio dia solar | Pôr do sol |
Ausência de radiação solar a incidir na superfície terrestre | Os raios solares incidem com grande inclinação | Momento em que os raios solares estão mais perto da vertical | Os raios solares incidem com grande inclinação |
A Terra liberta a energia recebida durante o dia | Os raios atravessam uma grande extensão da atmosfera | Os raios atravessam uma menor extensão da atmosfera | Os raios atravessam uma grande extensão da atmosfera |
A temperatura vai diminuindo até ao nascer do dia seguinte | Regista-se uma temperatura baixa que começa a aumentar | A temperatura é mais elevada na superfície terrestre | A temperatura diminui na superfície terrestre |
Durante a noite | |||
Ausência de radiação solar a incidir na superfície terrestre | |||
A Terra liberta a energia recebida durante o dia | |||
A temperatura vai diminuindo até ao nascer do dia seguinte | |||
Nascer do sol | |||
Os raios solares incidem com grande inclinação | |||
Os raios atravessam uma grande extensão da atmosfera | |||
Regista-se uma temperatura baixa que começa a aumentar | |||
Meio dia solar | |||
Momento em que os raios solares estão mais perto da vertical | |||
Os raios atravessam uma menor extensão da atmosfera | |||
A temperatura é mais elevada na superfície terrestre | |||
Pôr do sol | |||
Os raios solares incidem com grande inclinação | |||
Os raios atravessam uma grande extensão da atmosfera | |||
A temperatura diminui na superfície terrestre |
Variação da temperatura ao longo do ano:
– A variação anual da temperatura;
– A sucessão das estações do ano;
– A variação da duração dos dias e das noites.
Ⓒ Wikimedia Commons
Figura 9: Inclinação do eixo terrestre perante o plano da elítica.
Ⓒ Escola Virtual
Figura 10: Movimento de translação da Terra.
A sucessão das estações do ano: a incidência dos raios solares, ora com mais incidência no Hemisfério Norte ➊ ora no Hemisfério Sul ➋ dão origem às estações do ano (Figura 15). Deste modo, quando os raios incidem com menor inclinação (mais na vertical) na superfície terrestre corresponde ao verão, quando os raios incidem com maior obliquidade (mais inclinados) corresponde ao inverno. Na região intertropical, como os raios solares têm pouca oscilação, a variação de temperatura é pouco significativa pelo que não ocorrem as quatro estações do ano comuns das zonas temperadas.
Ⓒ Escola Virtual
Figura 15: Incidência dos raios solares na superfície terrestre durante os solstícios.
A variação da duração dos dias e das noites: a maior ou menor elevação do sol no horizonte ao longo do ano, causada pela sua deslocação aparente entre o Trópico de Câncer e o Trópico de Capricórnio provoca a desigual duração dos dias e das noites no mesmo lugar e entre lugares. Assim, quando o sol se encontra sobre o Trópico de Câncer corresponde ao dia mais longo do ano neste hemisfério e ao dia mais curto do ano no hemisfério oposto. Quando o sol se encontra sobre o Trópico de Capricórnio corresponde ao dia mais longo do ano neste hemisfério e ao dia mais curto do ano no Hemisfério Norte (Figura 16).
Ⓒ Escola Virtual
Figura 16: Movimento aparente anual do sol em diferentes regiões da Terra.
Estas diferenças são tão significativas que alguns lugares da superfície terrestre têm vários dias ou meses sempre dia ou vários dias ou meses sempre noite (quanto mais próximo dos polos maior será a diferença entre a duração do dia (luz solar) e a duração da noite (obscuridade) (Figura 17).
Ⓒ Anda Bereczky
Figura 17: Movimento aparente diário do sol visível no Ártico, durante o solstício de junho – o sol nunca se põe.
Latitude:
Ⓒ Escola Virtual
Figura 18: Variação da inclinação dos raios solares nas diferentes zonas climáticas.
Continentalidade/proximidade do mar:
Ⓒ Escola Virtual
Figura 19: Influência da proximidade e do afastamento do mar sobre a temperatura.
Altitude:
Ⓒ Escola Virtual
Figura 20: Variação da temperatura e da densidade do ar com a altitude.
Orientação das vertentes:
Ⓒ Escola Virtual
Figura 21: Incidência dos raios solares no Vale Glaciar do Rio Zêzere, Manteigas – Serra da Estrela.
Correntes marítimas:
Assim, as regiões influenciadas por correntes quentes têm temperaturas mais elevadas, as que recebem influência de correntes frias apresentam valores de temperatura menores. Como se pode verificar no mapa da figura seguinte (Figura 22), a costa oeste de Portugal é influenciada por uma ramificação da Corrente do Golfo, daí que as temperaturas médias sejam mais amenas no inverno e mais quentes no verão do que na costa leste dos EUA, apesar de as cidades representadas terem valores idênticos de latitude, de altitude e o mesmo afastamento do mar.
Ⓒ Escola Virtual
Figura 22: Principais correntes marítimas da superfície terrestre.
Ⓒ Escola Virtual
Figura 23: Isotérmicas de janeiro.
Ⓒ Escola Virtual
Figura 24: Isotérmicas de julho.
Ⓒ Escola Virtual
Figura 25: Isotérmicas de janeiro (esq.) e de julho (dir.) em Portugal continental.
-
Referências
-
Barry, R., & Chorley, R. (2009). Atmosphere, Weather And Climate. Taylor & Francis LTD.
Barry, R., & Chorley, R. (2012). Atmosfera, Tempo e Clima (9th ed.). Bookman.
Cuadrat, J., & Pita, M. (1997). Climatologia. Cátedra.
Davis, R., Hayden, B., Gay, D., Phillips, W., & Jones, G. (1997). The North Atlantic Subtropical Anticyclone. Journal of Climate, 10(4).
Helmis, C., & Nastos, P. (2013). Advances in meteorology, climatology and atmospheric physics. Springer.
Met Office. (2020). Global circulation patterns [online] Available at: https://www.metoffice.gov.uk/weather/learn-about/weather/atmosphere/global-circulation-patterns [Accessed 10 Feb. 2022].
Qian, W. (2017). Temporal Climatology and Anomalous Weather Analysis. Springer.
Serreze, M., & Barry, R. (2014). The Arctic Climate System (2nd ed.). Cambridge University Press.